Ataques frequentes ao frigorífico em plena madrugada para devorar, de um trago e sem saborear, todos os doces e afins que por lá existam podem ser indício de uma desordem alimentar: as chamadas crises de voracidade alimentar.
As desordens alimentares estão na moda. Sobretudo a anorexia e a bulimia. Fala-se delas, escrevem-se livros, multiplicam-se reportagens com testemunhos, dão-se exemplos famosos, contam-se histórias de meninas que buscam a perfeição do corpo a todo o custo, com sacrifício da sua própria saúde.
Meninas com uma relação difícil com os alimentos, que encontram neles a culpa dos seus (tantas vezes imaginados) quilos a mais ou que encontram neles a expiação da sua culpa de não conseguirem ser perfeitas.
As anorécticas não comem devido ao seu medo intenso de ganhar peso, esforçando-se por mantê-lo abaixo do normal numa verdadeira ditadura em que a balança é o juiz supremo. Sentem-se gordas quando estão magras, sentem-se culpadas quando comem, perdem a auto-estima, pensam o pior de si próprias.
As bulímicas também se sentem culpadas e também vivem excessivamente preocupadas com o controlo do seu peso. Com a diferença de que soçobram a verdadeiros ataques de fome, comendo compulsivamente até que a culpa ou o medo de engordar as leva a uma luta dolorosa para provocar o vómito e assim expulsar os indesejáveis alimentos.
Em ambos os casos, esta obsessão pela perfeição do corpo implica alterações emocionais, da irritabilidade à tristeza, podendo culminar na depressão.
Quer a anorexia quer a bulimia são desvios do comportamento alimentar e têm em comum uma representação distorcida da forma corporal e um medo patológico de engordar. Em ambos os casos, as pessoas julgam-se pela sua forma física, constituindo estes os transtornos alimentares mais frequentes e também os mais conhecidos.
Não são, porém, os únicos e de um outro se começa agora a falar: as crises de voracidade alimentar. São protagonizadas por pessoas que perdem o domínio de si mesmas perante a comida. Pessoas que devoram uma grande quantidade de alimentos num curto espaço de tempo, quase sem mastigar ou lhes sentir o gosto. Pessoas que em cada um desses ataques ingerem para cima de três mil calorias, já que a voracidade se dirige sobretudo aos doces, hidratos de carbono e gorduras. Um ciclo vicioso, na medida em que estes nutrientes são os que mais estimulam a produção de serotonina, uma hormona que actua no cérebro e, entre outras funções, regula o apetite. Neste caso, aumentando-o.
Fonte: Saude Sapo
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