Tal como a anoréctica a bulimica tem uma obsessão
exagerada sobre o proprio corpo, esta preocupação excessiva "obriga" as
bulimicas a concentrar toda a sua atenção nos alimentos, que por sua vez
se transformam em "inimigos".
A concentração na comida exprime um sofrimento profundo que vem de longe e que nasce, muitas vezes, da falta de afecto, do medo das emoções e da propria vida.
Estas raparigas(e raramente rapazes) chegam a ser "escravas" da comida e em alguns casoso, a morrer por ela, é por isso que estas doenças são algo muito mais grave do que uma simples alteração dos hábitos alimentares.
A bulimia esta inserida numa categoria dos disturbios alimentares chamada purgação, a purgação consiste no vomito auto-induzido ou o uso inadequado de laxantes e diurécticos para eliminar os alimentos do organismo.
A bulimia nervosa é um disturbio alimentar grave que se caracteriza por episódios de ingestão compulsiva que consisitem em comer, num curto periodo de tempo, uma quantidade anormalmente grande de comida,com a sensação de perda de controlo. Nestes episodios as (os) doentes ingerem habitualmente comida que consideram "proibida" (como doces e hidratos de carbono). Estes doentes têm ainda comportamentos compensatórios como vomitar, usar laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, fazer jejum e exercicio fisico excessivo.
Os episodios de ingestão compulsiva começam habitualmente durante ou depois de uma dieta restricta. Estes episodios originam reacções emocionais negativas que muitas precipitam os comportamentos de purga. As bulimicas quando têem os episodios de empanturramento e os comportamentos de purga sentem muita vergonha e culpabilidade. Habitualmente mantêem a sua doença em segredo (mesmo em relação aos seus familiares mais proximos) e procuram tardiamente ajuda especializada, tambem devido a manterem esses actos de purga em segredo, e ao facto de manterem o seu peso normal ou com pouca variação deste, essas pessoas conseguem esconder os seus problemas dos outros por anos...
Uma ou Várias Causas?
Existem muitas incertezas acerca das causas das doenças do comportamento alimentar. Estão identificados vários factores de risco, embora se desconheça quais as causas directas. Parece que os factores, que levam ao início destas doenças, são distintos daqueles que as mantém após se tornarem problemáticas. Tanto a anorexia como a bulimia nervosas podem ser desencadeadas por um regime alimentar rigoroso, mas as razões que conduzem ao seu desenvolvimento englobam não apenas o desejo de emagrecer.
A origem destas doenças resulta de uma complexa interacção entre os factores biológicos, psicológicos, familiares e sócio-culturais.
Factores biológicos -está descrita uma predisposição genética para o desenvolvimento deste tipo de doenças, ou seja, haver algum familiar directo com o mesmo padrão de doença. Alguns estudos revelam que a predisposição genética para desenvolver obesidade poderá aumentar o risco de vir a ter bulimia nervosa.
Factores Psicológicos – No caso dos doentes com bulimia nervosa, encontram-se comportamentos contraditórios. Se por um lado, controlam aquilo que consomem, usando para isso comportamentos compensatórios, por outro, tem crises de voracidade alimentar totalmente descontroladas. As doenças do comportamento alimentar podem também representar um modo de lidar com emoções difíceis. O tempo dispendido a pensar nos alimentos e na perda de peso, não permite lidar com outras emoções. Esta doença pode assim funcionar como uma barreira contra as dificuldades e pressões do dia-a-dia.
Factores Familiares – Os factores de risco familiares podem estar relacionados com ambientes adversos, tias como a falta de coesão e contacto entre membros da família, expectativas excessivas, super protecção dos pais, rigidez e discordância familiar. A existência de familiares que façam, constantemente regimes alimentares pode levar ao despoletar deste tipo de doenças. Outras causas associadas podem ter a ver com alguns comentários críticos repetidos pela família acerca do peso, figura corporal e alimentação da mesma.
Factores sócios – culturais – As influências sócio-culturais podem estar também implicadas nas doenças do comportamento alimentar, particularmente no início das mesmas. O corpo magro é encarado como símbolo de beleza, poder, auto-controlo, modernidade, sucesso e aceitação social. Os media não só incentivam esta ideia como também divulgam o modo de o obter. Em certos centros ocupacionais e recreativos faz-se pressão para a necessidade de magreza. Em algumas profissões e certos desportos, por exemplo, exigem indivíduos com figura magra, incentivando e sugerindo maneiras de obter esta figura desejada.
Outros Factores – Situações como o inicio da puberdade, a mudança para uma nova escola, o inicio de um emprego, a morte de alguém próximo, o divórcio, o casamento, os problemas familiares, receber comentários críticos de alguém com importância para o próprio e os sentimentos de competição podem aumentar as expectativas depositadas numa pessoa. No entanto, esta pode não saber lidar com estas situações. O indivíduo, pelo desejo de controlar e resolver os problemas gerados no dia-a-dia, sob influências culturais que comparam o sucesso e a felicidade á magreza, começa a preocupar-se com a obtenção de um corpo perfeito, em vez de enfrentar as dificuldades.
Diagnóstico.
Pode-se estabelecer um diagnóstico de bulimia nervosa quando:
Existem episódios recorrentes á ingestão compulsiva de uma quantidade de alimentos muito superior á maioria das pessoas;
Ocorre(m) comportamento(s) compensatório(s) recorrente(s) para perder peso e prevenir o seu ganho, tais como vómito auto-induzido, abuso de laxantes, clisteres ou outros medicamentos, jejum prolongado e/ou exercício físico exagerado;
Os episódios de ingestão compulsiva, seguidos de manobras compensatórias de eliminação, ocorrem, pelo menos, 2 vezes por semana, durante, no mínimo, 3 meses;
Há preocupação persistente com a forma e peso corporais, que influencia decisivamente a Auto-estima, com sentimentos depressivos e perda de Auto-confiança sempre que ganham peso.
O episódio de ingestão compulsiva, primeiro critério, decorre a um ritmo acelerado e caótico. Não existe qualquer selecção de alimentos e, a partir de certa altura, desaparecem as sensações de prazer ou de obtenção de saciedade. É acompanhado de um sentimento de total falta de controlo, sem possibilidade de parar. Para facilitar a indução do vómito subsequente, a ingestão rápida e compulsiva de alimentos sólidos é acompanhada também pela ingestão de grandes quantidades de líquidos. O vómito é o comportamento compensatório, segundo critério, mais utilizado (80% a 90% das bulimicas que são submetidas a tratamento). Este processo exige, inicialmente, um grande esforço. O vómito é induzido graças á introdução dos dedos na garganta, mas nas fases avançadas da doença é conseguido quase espontaneamente pela simples flexão do tronco sobre o abdómen e compressão da musculatura abdominal. Os episódios de ingestão compulsiva são frequentes, terceiro critério, e podem prolongar-se no tempo, ou seja, começar por exemplo no restaurante e concluir-se em casa ou vice-versa. Se o impulso persistir em casa e a pessoa não encontrar mais nada para comer, pode dirigir-se a uma pastelaria e comer até 40 bolos de seguida. Os ataques sucedem com maior frequência á tarde ou á noite, geralmente nas horas em que se torna mais fácil passar despercebido. Em relação ao último critério, as bulímicas vivem com o medo de engordar, com a preocupação constante das suas formas corporais e o seu peso, que, ao contrário das anorécticas, se mantém dentro dos limites da normalidade.
Dois Subgrupos
Em termos de comportamento, existem diferenças marcadas entre os indivíduos com anorexia e com bulimia nervosas, podendo-se identificar dois subgrupos em cada uma das doenças. No caso da bulimia nervosa, podemos identificar dois tipos de comportamento, que permitem a divisão em dois grupos: a bulimia do tipo purgativo e a do tipo não – purgativo. No primeiro grupo verifica-se a utilização de laxantes, diuréticos e de vómito auto-induzido. No segundo, a compensação ocorre apenas graças a uma actividade física exagerada e a períodos de jejum prolongados. A diferença entre os dois grupos estende-se ao plano psicológico: os doentes pertencentes ao primeiro grupo são mais ansiosos em relação aos alimentos e apresentam alterações de personalidade, aproximando-se das anorécticas do tipo bulímico. Para que se possa falar de bulimia nervosa, a ingestão compulsiva deve ocorrer pelo menos 2 vezes por semana, podendo atingir a frequência de 2-3 vezes por dia. Nos casos mais graves, chega-se a perder a conta destes episódios. Os doentes com bulimia nervosa de tipo purgativo, tal como as anorécticas de tipo bulímico, possuem uma menor Auto-estima e uma maior incidência de perturbações de humor.
Consequências.
O número de complicações físicas observado em doentes com bulimia nervosa parece ser relativamente menor aos doentes com anorexia nervosa. No entanto, esta doença acarreta graves problemas de saúde, alguns dos quais podem estar mesmo a levar á morte Alguns riscos desta doença são:
• Cerebrais e psicológicos: -Ansiedade;
-Vergonha;
-Baixa auto-estima;
-Depressão.
• Cabelo: - enfraquecimento e queda de cabelo.
• Cardiovasculares: -Batimentos cardíacos irregulares (arritmias cardíacas);
-Pressão arterial baixa (hipotensão);
-Paragem cardíaca.
• Sanguíneos: -Anemia.
• Fluidos corporais: -Desidratação;
-Inchaço das extremidades por retenção de líquidos;
-Níveis baixos de sódio, potássio e magnésio.
• Musculares e articulares: -Fadiga e perda de energia;
-Fraqueza muscular;
-Escoriações nas mãos e nas articulações.
• Renais
• Hepáticos
• Dentários: -Sensibilidade e temperaturas extremas;
-Perda do esmalte dentário/aumento das cáries.
• Gastrointestinais: -Bochechas inchadas;
-Irritação crónica da garganta;
-Irritação e ruptura do esófago;
-Sangue no vómito;
-Dilatação e ruptura gástrica;
-Úlceras;
-Alteração do mecanismo de saciedade;
-Alteração do funcionamento gástrico e intestinal;
-Obstipação/Diarreia.
• Hormonais: -Aumento das glândulas salivares;
-Menstruação irregular.
• Outros: -Tonturas e dores de cabeça;
-Falta de ar;
-Dores no peito;
-Morte…
Tratamento
As doenças do comportamento alimentar são multideterminadas. Factores biológicos, sócio-culturais, individuais e familiares contribuem para o seu desenvolvimento, de diferentes formas, em indivíduos diferentes.
O tratamento destas doenças é complexo, moroso e especializado, reconhecidamente difícil, em que a eficácia da terapia depende da existência de condições adequadas e de uma equipa multidisciplinar que funcione de forma a lidar, eficazmente, com os aspectos psicológicos, psiquiátricos, médicos e sociais destas doenças.
Tanto na anorexia como na bulimia nervosas, o primeiro passo do tratamento a dar é o mais difícil. Antes de tudo é preciso que o individuo admita e assuma que tem um problema. Logo a seguir, e não menos complicado, terá de assumir a doença operante os outros e pedir ajuda.
O problema é demasiado grave para ser mantido em segredo e necessita de ajuda especializada. Os indivíduos com doenças de comportamento alimentar geralmente não estão habituados a partilhar os sentimentos, sobretudo com a terapeuta. Têm demasiada vergonha em revelar o que estão a fazer. De um modo geral, uma bulímica que procura tratamento está mais motivada para a mudança que uma anoréctica.
No doente bulímico, o medo de engordar é o sintoma chave da doença. Por outro lado, espera que a cura seja rápida e radical e , sendo impulsivo, não suporta a ideia de que a supressão das crises bulimicas seja lenta e sujeita a recaídas.
O primeiro objectivo no tratamento é acabar com o ciclo de ingestão compulsiva, seguida de manobras de compensação. Por isso, é necessário que seja aceite o estabelecimento de um padrão alimentar regular e disciplinado.
A bulímica também vai precisar de reaprender a conviver com os outros durante as refeições, entrar em supermercados, fazer compras, ir a festas, participar nos almoços com a família, enfim voltar a lidar com o lado social da alimentação.
O tratamento das doenças do foro alimentar processa-se numa longa e intensa interacção entre o doente e os profissionais de saúde, assim é fundamental que seja discutido com a paciente uma terapia onde os objectivos sejam clarificados e as etapas bem definidas.
As decisões relativas ao tratamento, em cada etapa são tomadas de acordo com alguns critérios fundamentais:
1. Idade;
2. Contexto de vida actual;
3. Duração e evolução da doença;
4. Sintomatologia actual;
5. Tratamentos anteriores;
6. Personalidade prévia (depressão, impulsividade, etc.)
7. Estado físico.
A cura de um doente bulímico passa por uma série de componentes essenciais á sua reabilitação:
• Alimentação/Aconselhamento nutricional;
• Medicação;
• Terapia de grupo;
• Terapia familiar;
• Terapia individual/cognitivo-comportamental.
• E grupos de apoio.
a seguir vamos ver alguns dos sintomas da bulimia:
Físicos
• Grandes oscilações no peso. No entanto, os doentes normalmente apresentam-se com um peso dentro da normalidade;
• Irregularidade menstrual;
• Garganta irritada e glândulas inchadas como consequência do vómito auto-induzido;
• Problemas dentários (diminuição do esmalte/aumento das cáries);
• O vómito é induzido, normalmente, através da colocação de dois dedos da mão na garganta, criando um calo debaixo do nó dos dedos pela repetição do contacto com os dentes do maxilar superior (Sinal de Russell);
• Dificuldade em dormir;
• Fraqueza e dor muscular;
• Fadiga.
Psicológicos
• Emotividade e depressão;
• Alterações de humor;
• Obsessão por dietas;
• Dificuldade de controlo. Estes doentes têm medo de não conseguir parar de comer voluntariamente;
• Auto-criticismo severo;
• Auto-estima determinada pelo peso;
• Pensamentos de auto-censura depois de comer (culpa/vergonha);
• Necessidade de aprovação dos outros.
Comportamentais
• Padrão alimentar caótico embora exista uma obsessão sobre o que deverá ingerir, a quantidade e o que constitui alimentos bons e maus;
• Comer ás escondidas;
• Indisposição depois das refeições;
• Jejum prolongado e frequente;
• Fuga a restaurantes, refeições planeadas e eventos sociais;
• Isolamento social;
• Comportamentos compensatórios (Vómitos, Laxantes e diuréticos);
• Exercício físico excessivo;
• Comportamentos aditivos (por ex.: Abuso de álcool e drogas…)
fonte: Distúrbios Alimentares na Adolescência
Lisboa-
ComMedida - Associação de Apoio a Doentes do Comportamento Alimentar
email: commedida@gmail.com
contacto:+351 965493081
A concentração na comida exprime um sofrimento profundo que vem de longe e que nasce, muitas vezes, da falta de afecto, do medo das emoções e da propria vida.
Estas raparigas(e raramente rapazes) chegam a ser "escravas" da comida e em alguns casoso, a morrer por ela, é por isso que estas doenças são algo muito mais grave do que uma simples alteração dos hábitos alimentares.
A bulimia esta inserida numa categoria dos disturbios alimentares chamada purgação, a purgação consiste no vomito auto-induzido ou o uso inadequado de laxantes e diurécticos para eliminar os alimentos do organismo.
A bulimia nervosa é um disturbio alimentar grave que se caracteriza por episódios de ingestão compulsiva que consisitem em comer, num curto periodo de tempo, uma quantidade anormalmente grande de comida,com a sensação de perda de controlo. Nestes episodios as (os) doentes ingerem habitualmente comida que consideram "proibida" (como doces e hidratos de carbono). Estes doentes têm ainda comportamentos compensatórios como vomitar, usar laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, fazer jejum e exercicio fisico excessivo.
Os episodios de ingestão compulsiva começam habitualmente durante ou depois de uma dieta restricta. Estes episodios originam reacções emocionais negativas que muitas precipitam os comportamentos de purga. As bulimicas quando têem os episodios de empanturramento e os comportamentos de purga sentem muita vergonha e culpabilidade. Habitualmente mantêem a sua doença em segredo (mesmo em relação aos seus familiares mais proximos) e procuram tardiamente ajuda especializada, tambem devido a manterem esses actos de purga em segredo, e ao facto de manterem o seu peso normal ou com pouca variação deste, essas pessoas conseguem esconder os seus problemas dos outros por anos...
Uma ou Várias Causas?
Existem muitas incertezas acerca das causas das doenças do comportamento alimentar. Estão identificados vários factores de risco, embora se desconheça quais as causas directas. Parece que os factores, que levam ao início destas doenças, são distintos daqueles que as mantém após se tornarem problemáticas. Tanto a anorexia como a bulimia nervosas podem ser desencadeadas por um regime alimentar rigoroso, mas as razões que conduzem ao seu desenvolvimento englobam não apenas o desejo de emagrecer.
A origem destas doenças resulta de uma complexa interacção entre os factores biológicos, psicológicos, familiares e sócio-culturais.
Factores biológicos -está descrita uma predisposição genética para o desenvolvimento deste tipo de doenças, ou seja, haver algum familiar directo com o mesmo padrão de doença. Alguns estudos revelam que a predisposição genética para desenvolver obesidade poderá aumentar o risco de vir a ter bulimia nervosa.
Factores Psicológicos – No caso dos doentes com bulimia nervosa, encontram-se comportamentos contraditórios. Se por um lado, controlam aquilo que consomem, usando para isso comportamentos compensatórios, por outro, tem crises de voracidade alimentar totalmente descontroladas. As doenças do comportamento alimentar podem também representar um modo de lidar com emoções difíceis. O tempo dispendido a pensar nos alimentos e na perda de peso, não permite lidar com outras emoções. Esta doença pode assim funcionar como uma barreira contra as dificuldades e pressões do dia-a-dia.
Factores Familiares – Os factores de risco familiares podem estar relacionados com ambientes adversos, tias como a falta de coesão e contacto entre membros da família, expectativas excessivas, super protecção dos pais, rigidez e discordância familiar. A existência de familiares que façam, constantemente regimes alimentares pode levar ao despoletar deste tipo de doenças. Outras causas associadas podem ter a ver com alguns comentários críticos repetidos pela família acerca do peso, figura corporal e alimentação da mesma.
Factores sócios – culturais – As influências sócio-culturais podem estar também implicadas nas doenças do comportamento alimentar, particularmente no início das mesmas. O corpo magro é encarado como símbolo de beleza, poder, auto-controlo, modernidade, sucesso e aceitação social. Os media não só incentivam esta ideia como também divulgam o modo de o obter. Em certos centros ocupacionais e recreativos faz-se pressão para a necessidade de magreza. Em algumas profissões e certos desportos, por exemplo, exigem indivíduos com figura magra, incentivando e sugerindo maneiras de obter esta figura desejada.
Outros Factores – Situações como o inicio da puberdade, a mudança para uma nova escola, o inicio de um emprego, a morte de alguém próximo, o divórcio, o casamento, os problemas familiares, receber comentários críticos de alguém com importância para o próprio e os sentimentos de competição podem aumentar as expectativas depositadas numa pessoa. No entanto, esta pode não saber lidar com estas situações. O indivíduo, pelo desejo de controlar e resolver os problemas gerados no dia-a-dia, sob influências culturais que comparam o sucesso e a felicidade á magreza, começa a preocupar-se com a obtenção de um corpo perfeito, em vez de enfrentar as dificuldades.
Diagnóstico.
Pode-se estabelecer um diagnóstico de bulimia nervosa quando:
Existem episódios recorrentes á ingestão compulsiva de uma quantidade de alimentos muito superior á maioria das pessoas;
Ocorre(m) comportamento(s) compensatório(s) recorrente(s) para perder peso e prevenir o seu ganho, tais como vómito auto-induzido, abuso de laxantes, clisteres ou outros medicamentos, jejum prolongado e/ou exercício físico exagerado;
Os episódios de ingestão compulsiva, seguidos de manobras compensatórias de eliminação, ocorrem, pelo menos, 2 vezes por semana, durante, no mínimo, 3 meses;
Há preocupação persistente com a forma e peso corporais, que influencia decisivamente a Auto-estima, com sentimentos depressivos e perda de Auto-confiança sempre que ganham peso.
O episódio de ingestão compulsiva, primeiro critério, decorre a um ritmo acelerado e caótico. Não existe qualquer selecção de alimentos e, a partir de certa altura, desaparecem as sensações de prazer ou de obtenção de saciedade. É acompanhado de um sentimento de total falta de controlo, sem possibilidade de parar. Para facilitar a indução do vómito subsequente, a ingestão rápida e compulsiva de alimentos sólidos é acompanhada também pela ingestão de grandes quantidades de líquidos. O vómito é o comportamento compensatório, segundo critério, mais utilizado (80% a 90% das bulimicas que são submetidas a tratamento). Este processo exige, inicialmente, um grande esforço. O vómito é induzido graças á introdução dos dedos na garganta, mas nas fases avançadas da doença é conseguido quase espontaneamente pela simples flexão do tronco sobre o abdómen e compressão da musculatura abdominal. Os episódios de ingestão compulsiva são frequentes, terceiro critério, e podem prolongar-se no tempo, ou seja, começar por exemplo no restaurante e concluir-se em casa ou vice-versa. Se o impulso persistir em casa e a pessoa não encontrar mais nada para comer, pode dirigir-se a uma pastelaria e comer até 40 bolos de seguida. Os ataques sucedem com maior frequência á tarde ou á noite, geralmente nas horas em que se torna mais fácil passar despercebido. Em relação ao último critério, as bulímicas vivem com o medo de engordar, com a preocupação constante das suas formas corporais e o seu peso, que, ao contrário das anorécticas, se mantém dentro dos limites da normalidade.
Dois Subgrupos
Em termos de comportamento, existem diferenças marcadas entre os indivíduos com anorexia e com bulimia nervosas, podendo-se identificar dois subgrupos em cada uma das doenças. No caso da bulimia nervosa, podemos identificar dois tipos de comportamento, que permitem a divisão em dois grupos: a bulimia do tipo purgativo e a do tipo não – purgativo. No primeiro grupo verifica-se a utilização de laxantes, diuréticos e de vómito auto-induzido. No segundo, a compensação ocorre apenas graças a uma actividade física exagerada e a períodos de jejum prolongados. A diferença entre os dois grupos estende-se ao plano psicológico: os doentes pertencentes ao primeiro grupo são mais ansiosos em relação aos alimentos e apresentam alterações de personalidade, aproximando-se das anorécticas do tipo bulímico. Para que se possa falar de bulimia nervosa, a ingestão compulsiva deve ocorrer pelo menos 2 vezes por semana, podendo atingir a frequência de 2-3 vezes por dia. Nos casos mais graves, chega-se a perder a conta destes episódios. Os doentes com bulimia nervosa de tipo purgativo, tal como as anorécticas de tipo bulímico, possuem uma menor Auto-estima e uma maior incidência de perturbações de humor.
Consequências.
O número de complicações físicas observado em doentes com bulimia nervosa parece ser relativamente menor aos doentes com anorexia nervosa. No entanto, esta doença acarreta graves problemas de saúde, alguns dos quais podem estar mesmo a levar á morte Alguns riscos desta doença são:
• Cerebrais e psicológicos: -Ansiedade;
-Vergonha;
-Baixa auto-estima;
-Depressão.
• Cabelo: - enfraquecimento e queda de cabelo.
• Cardiovasculares: -Batimentos cardíacos irregulares (arritmias cardíacas);
-Pressão arterial baixa (hipotensão);
-Paragem cardíaca.
• Sanguíneos: -Anemia.
• Fluidos corporais: -Desidratação;
-Inchaço das extremidades por retenção de líquidos;
-Níveis baixos de sódio, potássio e magnésio.
• Musculares e articulares: -Fadiga e perda de energia;
-Fraqueza muscular;
-Escoriações nas mãos e nas articulações.
• Renais
• Hepáticos
• Dentários: -Sensibilidade e temperaturas extremas;
-Perda do esmalte dentário/aumento das cáries.
• Gastrointestinais: -Bochechas inchadas;
-Irritação crónica da garganta;
-Irritação e ruptura do esófago;
-Sangue no vómito;
-Dilatação e ruptura gástrica;
-Úlceras;
-Alteração do mecanismo de saciedade;
-Alteração do funcionamento gástrico e intestinal;
-Obstipação/Diarreia.
• Hormonais: -Aumento das glândulas salivares;
-Menstruação irregular.
• Outros: -Tonturas e dores de cabeça;
-Falta de ar;
-Dores no peito;
-Morte…
Tratamento
As doenças do comportamento alimentar são multideterminadas. Factores biológicos, sócio-culturais, individuais e familiares contribuem para o seu desenvolvimento, de diferentes formas, em indivíduos diferentes.
O tratamento destas doenças é complexo, moroso e especializado, reconhecidamente difícil, em que a eficácia da terapia depende da existência de condições adequadas e de uma equipa multidisciplinar que funcione de forma a lidar, eficazmente, com os aspectos psicológicos, psiquiátricos, médicos e sociais destas doenças.
Tanto na anorexia como na bulimia nervosas, o primeiro passo do tratamento a dar é o mais difícil. Antes de tudo é preciso que o individuo admita e assuma que tem um problema. Logo a seguir, e não menos complicado, terá de assumir a doença operante os outros e pedir ajuda.
O problema é demasiado grave para ser mantido em segredo e necessita de ajuda especializada. Os indivíduos com doenças de comportamento alimentar geralmente não estão habituados a partilhar os sentimentos, sobretudo com a terapeuta. Têm demasiada vergonha em revelar o que estão a fazer. De um modo geral, uma bulímica que procura tratamento está mais motivada para a mudança que uma anoréctica.
No doente bulímico, o medo de engordar é o sintoma chave da doença. Por outro lado, espera que a cura seja rápida e radical e , sendo impulsivo, não suporta a ideia de que a supressão das crises bulimicas seja lenta e sujeita a recaídas.
O primeiro objectivo no tratamento é acabar com o ciclo de ingestão compulsiva, seguida de manobras de compensação. Por isso, é necessário que seja aceite o estabelecimento de um padrão alimentar regular e disciplinado.
A bulímica também vai precisar de reaprender a conviver com os outros durante as refeições, entrar em supermercados, fazer compras, ir a festas, participar nos almoços com a família, enfim voltar a lidar com o lado social da alimentação.
O tratamento das doenças do foro alimentar processa-se numa longa e intensa interacção entre o doente e os profissionais de saúde, assim é fundamental que seja discutido com a paciente uma terapia onde os objectivos sejam clarificados e as etapas bem definidas.
As decisões relativas ao tratamento, em cada etapa são tomadas de acordo com alguns critérios fundamentais:
1. Idade;
2. Contexto de vida actual;
3. Duração e evolução da doença;
4. Sintomatologia actual;
5. Tratamentos anteriores;
6. Personalidade prévia (depressão, impulsividade, etc.)
7. Estado físico.
A cura de um doente bulímico passa por uma série de componentes essenciais á sua reabilitação:
• Alimentação/Aconselhamento nutricional;
• Medicação;
• Terapia de grupo;
• Terapia familiar;
• Terapia individual/cognitivo-comportamental.
• E grupos de apoio.
a seguir vamos ver alguns dos sintomas da bulimia:
Físicos
• Grandes oscilações no peso. No entanto, os doentes normalmente apresentam-se com um peso dentro da normalidade;
• Irregularidade menstrual;
• Garganta irritada e glândulas inchadas como consequência do vómito auto-induzido;
• Problemas dentários (diminuição do esmalte/aumento das cáries);
• O vómito é induzido, normalmente, através da colocação de dois dedos da mão na garganta, criando um calo debaixo do nó dos dedos pela repetição do contacto com os dentes do maxilar superior (Sinal de Russell);
• Dificuldade em dormir;
• Fraqueza e dor muscular;
• Fadiga.
Psicológicos
• Emotividade e depressão;
• Alterações de humor;
• Obsessão por dietas;
• Dificuldade de controlo. Estes doentes têm medo de não conseguir parar de comer voluntariamente;
• Auto-criticismo severo;
• Auto-estima determinada pelo peso;
• Pensamentos de auto-censura depois de comer (culpa/vergonha);
• Necessidade de aprovação dos outros.
Comportamentais
• Padrão alimentar caótico embora exista uma obsessão sobre o que deverá ingerir, a quantidade e o que constitui alimentos bons e maus;
• Comer ás escondidas;
• Indisposição depois das refeições;
• Jejum prolongado e frequente;
• Fuga a restaurantes, refeições planeadas e eventos sociais;
• Isolamento social;
• Comportamentos compensatórios (Vómitos, Laxantes e diuréticos);
• Exercício físico excessivo;
• Comportamentos aditivos (por ex.: Abuso de álcool e drogas…)
fonte: Distúrbios Alimentares na Adolescência
Lisboa-
ComMedida - Associação de Apoio a Doentes do Comportamento Alimentar
email: commedida@gmail.com
contacto:+351 965493081
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