terça-feira, 20 de outubro de 2009

Obesidade infantil assusta os médicos

Estudos recentes revelam que um terço das crianças e adolescentes tem excesso de peso.

O nível de excesso de peso entre crianças e adolescentes é "absolutamente assustador". Esta foi a reacção dos nutricionistas portugueses aos resultados de estudos que são divulgados hoje, Dia Mundial da Alimentação.

Alexandra Bento, presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Nutricionistas, não ficou muito admirada ao saber que um terço das crianças portuguesas com idades entre os 6 e os 10 anos apresentam excesso de peso, de acordo com um estudo recente, que é divulgado hoje, Dia Mundial da Alimentação. "O resultado está de acordo com outros estudos feitos anteriormente", explicou.

Hoje, em Lisboa, num seminário dedicado ao dia, os ministérios da Educação e da Saúde vão divulgar estudos sobre a obesidade entre crianças e adolescentes.

Um dos trabalhos, elaborado para a Plataforma Contra a Obesidade, da Direcção-Geral de Saúde, analisou 3487 crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico de 185 escolas, com idades entre os 6 e os 10 anos, constituindo uma amostra representativa nacional.

Os resultados revelaram uma prevalência de 32% das crianças com excesso de peso, sendo que 18,1% estavam em pré-obesidade e 13,9% já são obesas.

"São números assustadores. Mostram que um terço das nossas crianças sofre de excesso de peso e que perto de 14% sofrem mesmo de uma doença crónica, que é a obesidade", comentou Alexandra Bento.

A mesma conclusão pode ser tirada de um outro estudo - que também será divulgado hoje -, elaborado pela Sociedade para o Estudo da Obesidade, e que diz respeito a crianças dos 3 aos 5 anos e adolescentes. Fica-se a saber que, das 2251 crianças analisadas, 29% são pré-obesas e obesas, e 28,2% dos 2521 adolescentes analisados também o são.

Para os nutricionistas, não restam dúvidas que a obesidade infantil apresenta-se como um dos mais sérios problemas de saúde pública, quer no espaço europeu quer no mundo. A taxa de crescimento desta doença tem-se mantido constante, acrescentando 400 mil crianças por ano, aos já existentes 45 milhões de crianças com excesso de peso.

Escola responsável?

Alexandra Bento salientou que, de uma forma generalizada, as escolas estão a seguir o "Referencial para uma oferta alimentar saudável" - um guia de orientação para os estabelecimentos de ensino adoptarem uma boa alimentação nas cantinas e bufetes. "É fundamental que exista uma verdadeira cultura da saúde nas escolas, em que os alunos, professores e funcionários tenham conhecimentos sobre o assunto e também atitudes. Mas os pais também têm que ser envolvidos. O que interessa é criar uma moda positiva à volta da alimentação saudável", salientou.

A nutricionista falou sobre a importância de a educação alimentar começar no seio da família, onde é feita a maior parte das refeições. E a crise, no seu entender, não dificulta essa preocupação. "No nosso site - www.apm.org.pt - temos sugestões de menus que demonstram ser possível a uma pessoa ter uma boa alimentação diária por pouco mais do que três euros", revelou.

Por seu turno, Albino Almeida, presidente da Confederação das Associações de Pais, confirmou que as escolas estão a adoptar uma alimentação saudável. No entanto, chamou a atenção para uma preocupação dos pais: "Há reclamações sobre a qualidade e até a higiene das refeições que algumas empresas servem nas escolas".

Jornal de Noticias - Fernando Bastos

Fonte:
sapo noticias

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